quinta-feira, 19 de abril de 2012

TEMÁTICA Nº2 - Ameaças à Biodiversidade

É importante lembrar que todos os seres, incluindo os humanos, estabelecem uma relação de interdependência uns com os outros, como se de uma cadeia alimentar se tratasse. Desta forma, à medida que destruímos a biodiversidade, colocamos em risco a nossa própria existência. Entre as principais causas da perda de biodiversidade estão, a saber:
       
          - Destruição e diminuição dos habitats naturais;
- Desflorestação;
- Introdução de espécies exóticas e invasoras;
- Exploração excessiva de espécies animais e vegetais;
- Caça e pesca sem critérios;
- Degradação de riquezas naturais;
- Tráfico da fauna e flora silvestres;
- Poluição do solo, água e atmosfera;
- Ampliação desordenada das fronteiras agropecuárias dentro de áreas nativas;
- Mudanças climáticas e aquecimento global.

Todos estes fatores, são uma ameaça à biodiversidade. Como consequência dessa perda, as populações humanas sofrerão uma queda significativa da qualidade de vida, que se refletirá diretamente no suprimento de alimentos bem como na manutenção da saúde, na vulnerabilidade a desastres naturais, na redução e restrição do uso de energia, na diminuição da oferta e distribuição irregular de água potável, no aumento de doenças e epidemias, na instabilidade social, política e económica, entre outros.

Da Convenção realizada no Brasil em 2006, - Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, foi extraído um relatório alarmante sobre a destruição da biodiversidade no Planeta. Entre os dados que constam do documento estão, por exemplo, o de que, só entre 1970 e 2000 caiu em 40% a diversidade de espécies animais. A perda anual de florestas na década atual tem sido de 6 milhões de hectares (o equivalente a cerca de 8 milhões de campos de futebol). O documento também chama a atenção para o aumento da intensidade e da variedade das ameaças à biodiversidade causadas pela ação humana, destacando a introdução de espécies invasoras em ecossistemas alheios por meio de navios turísticos ou de carga, causando disfunções na cadeia alimentar, sem falar no aumento desregulado do consumo. 

No sentido de minimizar este problema, o documento propõe medidas como por exemplo, a criação de programas nacionais de proteção ao meio ambiente. Nesse ponto, o estudo indica que há avanços significativos por parte de praticamente todos os países signatários. O Brasil está na vanguarda: tem uma das mais avançadas legislações ambientais do mundo. O problema está no cumprimento dessas leis, o que toca no segundo ponto importante proposto pelo documento da CDB: investir em pessoal e estrutura para a proteção da biodiversidade. O mesmo documento da CDB, também indica a importância de inserir o cuidado com o meio ambiente na agenda do empresariado, principalmente nas áreas da alimentação e energia, ramos dos quais mais contribuem para o aquecimento global.

Observadas as recentes mudanças no clima, (especialmente as temperaturas mais quentes) estas já tiveram impactes significativos na biodiversidade e nos ecossistemas, incluindo alterações na distribuição das espécies, tamanhos populacionais, alteração do tempo de reprodução ou eventos de migração, bem como um aumento na frequência dos surtos de pragas e doenças. Muitos recifes de coral sofreram danos irreversíveis em episódios em que as temperaturas da superfície do mar local, aumentaram durante um mês cerca de 0,5-1 ˚ Celsius acima da média dos meses mais quentes. Calcula-se que até ao final do século XXI, as mudanças climáticas e os seus impactes possam ser a causa direta da perda da biodiversidade e das alterações nos serviços dos ecossistemas em todo o mundo.
 Fonte: www.google/imagens

Os cenários desenvolvidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, projetam um aumento na temperatura média da superfície global de 2,0-6,4 ˚ Celsius acima dos níveis pré-industriais até 2100, com consequências para o aumento da incidência de enchentes e secas, e um aumento do nível do mar de um adicional de 8-88 centímetros entre 1990 e 2100. Segundo MA, o impacte sobre a biodiversidade vai crescer em todo o mundo com ambas as taxas crescentes de mudança no clima e aumentar a variação absoluta climáticas. O balanço das evidências científicas sugere que, haverá um impacte líquido significativamente prejudicial nos serviços dos ecossistemas em todo o mundo se a temperatura média da superfície global aumentar mais de 2 ˚ Celsius acima dos níveis pré-industriais ou em taxas maiores do que 0,2 ˚ C por década.

Espera-se, que a mudança climática continue a afetar negativamente os desafios fundamentais para o desenvolvimento, incluindo o fornecimento de água potável, serviços de energia e alimentos, bem como um ambiente saudável de conservação dos sistemas ecológicos e da sua biodiversidade, associados a bens e serviços ecológicos.

As mudanças projetadas no clima para o século XXI são muito provavelmente sem precedentes durante pelo menos os últimos 10.000 anos e, combinado com a mudança do uso da terra e a disseminação de espécies exóticas ou estranhas, são suscetíveis de limitar tanto a capacidade das espécies para migrar como a capacidade delas persistirem nos seus habitats destruídos.

Defender a biodiversidade é pois, lutar pela nossa sobrevivência e das gerações futuras. Existem pois, três razões principais que justificam a preocupação com a conservação da diversidade biológica, a saber:
  • A primeira, porque se acredita que a diversidade biológica seja uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas;
  • A segunda, porque a diversidade biológica representa um imenso potencial de uso económico, especialmente pela biotecnologia;
  • Em terceiro lugar, porque se acredita que a diversidade biológica se esteja a deteriorar, devido ao aumento da taxa de extinção das espécies resultante do impacto das atividades antrópicas.
A manutenção da diversidade biológica, é portanto essencial para a qualidade de vida no planeta terra, podendo este ser fator limitante! É hora de repensar a nossa posição como espécie dominante do Planeta e dar uma nova orientação à ciência e à tecnologia na procura de soluções que garantam um futuro sustentável dos ecossistemas.

 
Interações associadas à super-exploração dos recursos naturais



Fonte: Millennium Ecosystem Assessment (2005); What are the current trends and drivers of biodiversity change and their trends, pp. 48


Referências:
Millennium Ecosystem Assessment (2005); Causes of Biodiversity change, pp. 8-10, consultado em 2012-04-16

Millennium Ecosystem Assessment (2005); What are the current trends and drivers of biodiversity change and their trends, pp. 42-59, consultado em 2012-04-16

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